Texto #1: Ano novo. Rotina Velha.
Segunda-feira.
A
camiseta branca do réveillon está esquecida em algum lugar da casa. A lista de
planos para o novo ano está soterrada no meio das contas que chegaram. As
promessas feitas ao pular aquelas ondas já foram levadas pelo mar. Olho o
relógio e percebo que estou atrasado – como sempre. Apressadamente escovo os
dentes e decido que vou comer algo no trabalho. São quase 6h45 da manhã e o
ônibus está normalmente lotado. As pessoas normalmente mal humoradas, presas em
seus fones de ouvido e livros. Passo a mão no cabelo mal penteado e calculo o
tempo de chegar ao trabalho. Perco-me em pensamentos enquanto o ônibus está
preso no engarrafamento; lembro da noite
de ontem, no barzinho da esquina, com os amigos onde jogamos conversa fora, falamos
sobre como tudo seria diferente. Como tudo seria novo. Desperto do devaneio quando uma nova música começa
a tocar no rádio.
Chego ao
trabalho, faço o que tenho de fazer na companhia de uma xícara de café – bem
forte por sinal. Converso um pouco, falo sobre o fim de semana e como eu não
queria que terminasse. Escuto algumas reclamações sobre a rotina da
segunda-feira. Tudo como sempre acontece.
Fim do
expediente e após mais de uma hora no caminho até aqui, estou finalmente em
casa. São 19h38 de uma segunda estressante como as outras. Uma segunda-feira
normalmente sem graça. Deixo a mochila pelo caminho e vou direto para a cozinha
comer qualquer coisa que eu encontrar na geladeira - tem queijo, provavelmente
há mais de duas semanas, e ovos. Pão de ontem e nada de café. Preparo um
sanduíche e sento em frente à televisão. Assisto qualquer porcaria que passa.
Olho para a pilha de papéis na estante e lembro que minhas metas para o novo
ano estão por ali. Vou até lá e em alguns segundos encontro o papel. Leio
algumas vezes e penso que eu poderia começar a caminhada que eu disse que começaria.
Ir ao cinema. Fazer uma tatuagem. Aprender a tocar violino. Sair e conhecer
alguém legal. Uma infinidade de coisas. Mas não, estou cansado de mais.
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